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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Dossier SORBONNE N°2: IniciAtivas


Além de uma UFR de Musicologia e de dois grandes grupos de pesquisa em música na Escola Doutoral 5, a Sorbonne, acaba de iniciar um gigantesco convênio com a rede de conservatórios parisienses, colocando em prática a entrada de intérpretes no meio acadêmico. Isto é, têm instrumentistas e cantores de altíssimo nível técnico escrevendo sobre leitura, escuta e interpretação musical no mestrado e doutorado da Sorbonne. E para completar este esforço de diálogo entre os intérpretes (os músicos práticos) e o meio acadêmico intelectual de produção de conhecimento e pesquisa, neste mesmo ano letivo 2009-2010, os dois grupos da Escola Doutoral 5 da Sorbonne, o OMF e o PLM se uniram (pela primeira vez) para realizarem uma série de seminários intitulados “Análise e Interpretação”, com convidados muito especiais como Zélia Chueke, Sônia Rubinsky, Murray Perahia, Luis Beduschi, Carl Schachter... Pra mim, toda história se encaixa como uma luva, pois é justamente o meu interesse da especialização que fiz na EMBAP e mestrado na UFPR e que, naturalmente, quis dar sequência no doutorado.
Outra iniciativa deste ano, liderada pela Profa. Zélia Chueke e Prof. Madurell foi o convênio entre a Sorbonne e a UFPR. Um convênio que não se restringe à música, mas que prevê a cooperação e intercâmbio de alunos e professores de todos os cursos destas universidades. Por ironia do destino fui chamado na última hora para ajudar na tradução do documento deste convênio que vai beneficiar muitos doutorandos e afins... Digo ironia visto a dificuldade que foi a minha própria inscrição no doutorado e envio do dossiê para a universidade ano passado, enquanto estava em Recife, quando a Sorbonne estava em greve e fui salvo pelos conselhos da Daniele Barros e ajuda inestimável da querida Luciane Beduschi! Este convênio facilita a burocracia, é um gol de placa!
Outra iniciativa da Profa. Zélia Chueke em parceria com a Profa. Daniele Pistone (Dani Pistão), foi a conclusão da versão brasileira da série “Langues musicologiques”. Um pequeno livro com textos diversos, diálogos e explicações abordando a terminologia musical de maneira didática e que já tinha versões em francês, inglês americano, alemão, espanhol e italiano. Também tive o prazer de colaborar neste projeto, iniciando a tradução, que depois passou pelo pente fino da Zélia e de um linguista da UFPR. Também gravamos um CD com os diálogos do livro num estúdio da Sorbonne, numa bela tarde de neve de fevereiro, na companhia da amiga Juliana Pimentel e Prof. Isaac Chueke. Até acabei fazendo um pequeno jingle chorão na flauta para separar as lições no CD... Ainda não sei como ficou... Tem até um coments engraçado: como este jingle partiu de um motivo típico do choro (que aparece, por exemplo, no final de vários choros e inclusive no final da versão de Urubu gravada por Pixinguinha em 1923), cada vez que toco ele numa roda, o Denis7Cordas relembra a gravação na Sorbonne... Enfim, este motivo agora já quase pode ser chamado de “Tópica Sorbonne” de tanto que falamos.




Leandro Gaertner
Paris, junho de 2010.

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Imagem: La belle idée - Margritte (1964)

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